quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Maniqueísmo nosso de cada dia



Maniqueísmo é uma forma simplista de enxergar o mundo sob uma divisão entre o bem e o mal. Antigamente era usado como a definição de Deus, o do bem e diabo, o do mal. Hoje, se estende à essas manias nossas de OUsar definir qualquer coisa, pessoa, ou situação entre: isso ou aquilo, é ou não é, certo ou errado. É quando se instaura alguma dúvida, contradição, falta de perspectivae as transformamos em respostas por um aparente conforto.


Dia desses ouvi dizer que a felicidade não existe. Absurdo pra alguns? Pra mim não. Já viu alguém que é completamente feliz, alguém completamente infeliz? Bem, o que existe então, são momentos e situações: os de alegria e os de tristeza, os de paz e os de ansiedade os de bem e os de mal. Não quero aqui ser mais um relativista, mas quero trocar, porém alguns “ous” por “es”, e ponderar aquilo que eu e você fazemos e que não é do bem OU do mal, mas que nos traz coisas boas E ruins.


Faço aqui um paralelo com a prisão. Podemos viver ora em regime ora fechado ora semi- aberto ora aberto. Ao viver em regime fechado, nos prendemos a algumas “verdades”, nos bastamos nelas. Vivemos em uma cela compartilhada por algumas poucas pessoas, pouca mudança, poucas perguntas, mas muitas respostas. Em regime semi-aberto, em alguns momentos nos prendemos a algumas coisas, mas somos livres e abertos a outras, convivemos com mais gente, com mais mudanças, lidamos com opiniões, com o “porém” com o “talvez”. Em regime aberto, há muitas pessoas, convivemos com muitas mudanças, com diversas ideias e opiniões e passeamos por elas, mas não temos segurança. Esse também é um regime de prisão, e como tal, nos prendemos aos porquês, distantes das respostas.


De tal maneira, a liberdade talvez não exista – mas isso daria outro texto – e assim seguimos como presos, mas de regime em regime, dependendo do que e/ou do quando e/ou do onde e/o do com quem.


Por fim, cito a brincadeira do “bem me quer, mal me quer”. Meu bem pode ser seu mal? Meu mal pode ser seu bem? Bem e mal podem se tornar um só em dado momento? Sim ou não? Não tenho certeza. Vai da perspectiva e interesse de quem está julgando. Vai do quanto nos colocamos no lugar do outro. Vai de mim, vem de você.

Eduardo Carvalho

Um comentário:

  1. Bonito texto!
    Lendo ele descobri que na maioria dos momentos estou em regime aberto. Porém, as vezes estar nesse tipo de regime me faz me sentir preso a um relativismo que não acaba.
    Valeu pela reflexão Eduardo.
    Abraços

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