quinta-feira, 10 de março de 2011

Sobre o carnaval

Acabou nosso carnaval. Ninguém ouve cantar canções. Ninguém passa mais brincando feliz e, nos corações, saudades e cinzas foi o que restou. Pelas ruas o que se vê é uma gente que nem se vê e nem se sorri, se beija, se abraça, e sai caminhando, dançando e cantando cantigas de amor. Sim, acabou, e o que nos resta é escutar a triste marcha da quarta-feira de cinzas. Uns sentem-se felizes depois de tudo que passaram; outros choram; outros refletem; outros se arrependem. Outros se entristecem pelo que não passaram; outros, pelo mesmo motivo, sorriem.

O que importa mesmo é o que tiramos disso tudo. Na verdade, o importante é fazer, constantemente, nossos próprios carnavais. Sem esperar, quietos, aquela semana onde todos bebem, pulam, desfilam, dançam, riem e amam. É beber, pular, desfilar, dançar, rir e amar nos diversos carnavais que acontecem várias vezes no ano.

Assim como a vida e tudo que há nela, todo carnaval tem seu fim e vem, depois dele, a quarta-feira de cinzas. Inevitável e inexorável. No entanto, é preciso cantar. Mais do que nunca. Porque são tantas coisas azuis. Há tanta coisa pra amar que a gente nem sabe! Ah, sim! Um dia, o carnaval há de voltar. Sempre volta.

Rafael de Paula