domingo, 21 de fevereiro de 2010

Sobre o Jornalismo

Desde o ano passado não é mais necessário o diploma de curso superior para exercer a profissão de jornalista. Foi uma decisão que desvalorizou a profissão, o esforço daqueles que dedicaram anos de sua vida em estudo e desvalorizou a arte de transmitir a informação para o outro. Ora, se não é necessário diploma, qualquer um é capaz de entrevista, escrever uma matéria, planejar um programa de rádio ou TV, dentre outras atribuições destinadas à figura do jornalismo. Pelo menos essa é a lógica de quem aprovou a lei. Não é que eu concorde com isso tudo, mas acho que a função de jornalista realmente não precisa de curso superior. Precisa de talento. O meu medo é o ingresso de pessoas na imprensa que não tem a menor competência e capacidade para transmitir a informação. O meu medo é que a imprensa perca toda a sua credibilidade e respeito e, ainda, que a qualidade dos produtos midiáticos caia vertiginosamente. Afinal, acreditam que qualquer um pode ser jornalista, e não é bem assim.

Com relação ao assunto, há um vídeo em que Rodrigo Amarante é, de certa forma, grosso com um repórter que o pergunta se “incomoda o fato de Los Hermanos ser uma banda sempre lembrada pela música Ana Júlia”. Irritado, Amarante diz que Los Hermanos “não é sempre lembrado por essa música” e que o repórter está mal informado. Discutirei, primeiramente, o fato de Amarante ter ficado irritado com a pergunta. Vejo duas possibilidades: a primeira é o fato do músico reconhecer que a banda é muito mais lembrada por essa música do que ele gostaria; a segunda é o fato de baterem nesta tecla recorrentemente, sendo que isso não faz sentido algum. Sinceramente, não sei qual das duas teorias se aplica – ou mesmo se alguma delas se aplica. Agora vou discutir a pergunta do repórter. Como admirador da banda, digo que Anna Júlia é uma das suas piores músicas, e a grande maioria dos fãs acha o mesmo (pelo menos a maioria dos fãs que eu conheço). Desta forma, acredito que o repórter realmente não sabia muito bem o que falava e provavelmente pesquisou pouco para fazer a entrevista, como o próprio Amarante comprovou ao perguntar se ele já tinha ido em um show da banda. É aí que eu me pergunto: o jornalista não deveria ter ido aos shows para fazer esta entrevista? Ou, no mínimo, não deveria ter pesquisado sobre o assunto com os fãs?

Agora pretendo discutir a preparação dos jornalistas antes de fazerem uma matéria, entrevista ou reportagem. O jornalista citado acima não se preparou para entrevistar o músico Rodrigo Amarante. Agora cabe a pergunta: a culpa é somente dele? Julgo-o parcialmente culpado. Há algum tempo eu fui estudante de jornalismo e tive a oportunidade de estagiar na Rádio UFMG Educativa, uma rádio que funciona dentro do Campus da UFMG, em BH. Comparada às grandes rádios comerciais, é uma rádio bem pequena, e ainda assim tínhamos pouco tempo para fechar as matérias. O que quero dizer é que a imprensa trabalha com prazos que têm de ser cumpridos, prazos que raramente são suficientes para que o jornalista se prepare devidamente para o trabalho. Ou seja, raramente há tempo para pesquisar suficientemente sobre o tema. No meu caso, eu tinha algumas horas para me informar sobre o assunto, ir ao local para fazer as entrevistas, voltar para a rádio, redigir e fechar a matéria. É muito pouco. Portanto, acredito que a má preparação dos jornalistas para fazer uma matéria não é somente culpa deles, apesar de eu achar que, no caso do vídeo que eu cito, o jornalista foi preguiçoso, leu pouco e quis criar polêmica, como Amarante argumentou. O fato é que uma parcela da culpa é do sistema, que massacra e oprime os jornalistas, funcionando com uma lógica própria que difere, em parte, dos interesses do público. Pretendo discutir mais sobre a lógica da imprensa em um futuro próximo.

Rafael de Paula da Silva

Segue abaixo o vídeo citado nesse texto.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A ausência que dá presente

Todos os seres humanos carregam dentro de si uma vontade inconsciente de possuir algo. Essa ambição implícita caminha lado a lado com o desejo de poder, desejo este que norteia a maioria (senão todas) atitudes dos seres humanos.

Porém todos nós nunca estaremos completamente satisfeitos com o que possuímos, devido ao fato de que este “aspirador de desejos” está sempre ligado dentro de nós, sempre com a mesma intensidade, independentemente do que já possuímos. Também vale ressaltar o fato de que o desejo de status está sempre se modificando de acordo com o que as potências da sociedade capitalista padronizam para nós, mas esse já é um fator mais abrangente no qual não devemos nos aprofundar muito.

A conseqüência disso tudo é que, pelo fato de sempre sentirmos ausência de algo, acabamos projetando isso em diversas outras coisas (ou até mesmo pessoas) e, como diriam os antigos, colocando chifres em cabeça de cavalo. Esta projeção de valores, a não ser que seja devidamente regulada, sempre terá resultados negativos, mesmo que não sejam notadas instantaneamente.

Portanto, é preciso que despertemos dentro de nós esta consciência de um vazio que sempre estará presente dentro de nós até o final de nossas vidas. Este é um processo que sempre se renova e sempre estará lá nos incomodando.

Sempre que tentarmos fugir desta sentença destinada a nós pelo sistema em que vivemos, forças de mesmo valor e intensidade tentarão nos empurrar de volta para dentro desta estufa. Esta força opressora, uma espécie de karma social misturado com leis de Newton, só não se faz presente em algumas culturas orientais.

Fica então a dica de sempre olharmos para dentro de nós e tentar direcionar nossas atitudes para coisas concretas e, a partir de então, pararmos de dar tiros no escuro.


Allisson Ruas

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Um pouco sobre a trajetória acadêmica de Freud

Nesta primeira postagem, resolvi falar sobre uma celebridade no mundo da psicologia, o renomado médico e fundador da psicanálise Sigmund Freud. Esse senhor contribui muito para a psicologia, e cabe aqui um pequeno comentário sobre a vida acadêmica do mesmo, desde seu início no mundo acadêmico até a fundação da psicanálise.

Freud iniciou sua vida acadêmica na universidade de Viena, no curso de medicina, mas diferente da maioria dos integrantes do curso o jovem Sigmund sempre se interessou pela pesquisa médica e não pelo atendimento clínico em si. Com uma forte inclinação para os estudos do sistema nervoso, na época ainda pouco conhecido pelos cientistas.


Em suas primeiras pesquisas Freud tentou descobrir onde se encontrava o aparelho reprodutor da lampreia, não obteve sucesso, tempos depois descobriram que a espécie de lampreia que ele estudava era hermafrodita( sem comentários ).Após esse primeiro fracasso ele realizou diversas outras pesquisas das quais cabe destaque a sua pesquisa minuciosa sobre à medula do petromyzon ( um invertebrado) que após vários estudos sobre o mesmo,o jo
vem Sigmund descobriu que não havia uma “barreira” anatômica entre vertebrados e invertebrados , mas sim , uma evolução feita de pequenas alterações. Em seus estudos Freud também percebeu a permanência de estruturas primitivas em organismos plenamente desenvolvidos, essa persistência de estruturas primitivas em organismos plenamente desenvolvidos veio a influenciar alguns de seus conceitos psicanalíticos como o conceito de fixação.

Cada vez mais o jovem cientista se preocupava com funções complexas do sistema nervoso, como a linguagem, área que ele também realizou estudos importantes, entretanto encontrou uma grande barreira para entender essa função do cérebro, pois os instrumentos da época não propiciavam meios para se encontrar os substratos de funções mentais que não tenham sido causadas por lesões anatômicas.

Como percebemos Freud tinha um caminho bem consolidado na pesquisa médica sendo dotado de um grande prestigio na área, entretanto, sua preocupação constante em entender os complexos mecanismos do cérebro o fez abandonar, após muita reluta, os métodos tradicionais de pesquisa do cérebro e por fim mudar seu objeto de estudo focando agora a mente humana e para tal salto era necessário a criação de uma nova teoria, a psicanálise.


Ao escrever esse texto minha intenção foi fazer um resumo, muito compacto, da trajetória acadêmica de Freud até a fundação da psicanálise sem comentar os conceitos e as críticas sobre a mesma ..


Guilherme Junio

Sobre Star Wars...

Num dia desses percebi que, apesar de eu me interessar pela história dos filmes Star Wars, eu nunca tinha visto os filmes antigos (A New Hope, 1977; The Empire Strikes Back, 1980; e The Return of the Jedi, 1983). Como se não bastasse, eu não entendia muito bem sobre os rebeldes e o império, as facções antagônicas da história – não que a compreensão disso represente um grande desafio para o intelecto. Enfim, eu baixei todos os filmes e fiz algo que vai contra todos os meus princípios: assisti-os dublados.

As história dos filmes antigos baseia-se na jornada de Luke Skywalker, um jovem que luta contra o império (fazendo parte das forças rebeldes) e procura ser um Jedi. Guiado pelo mestre Yoda e, principalmente, por Obi Wan Kenobi, Luke luta contra as perversas forças imperiais (representadas por Dart Vader e pelo Imperador, que tentam levar o jovem Jedi para o lado negro da força), com o objetivo de resgatar a paz e a liberdade no universo.

A New Hope (1977)

Admito que tive que me esforçar nos momentos iniciais do filme. Afinal, é um filme da década de 70, com efeitos especiais bastante inferiores aos efeitos dos filmes mais recentes. Quanto a estes últimos, um deles foi gravado no final da década de 90 e os outros nos anos 2000 (The phantom menace, 1999; Attack of the clones, 2002; e The revenge of the Sith, 2005). Contudo, percebi que os efeitos especiais eram fantásticos para a época em que foram gravados e passei a dar muito mais valor ao filme (não que efeitos especiais sejam tudo). É assim que temos que fazer quando vemos, lemos ou escutamos algo de uma época passada: devemos vê-lo considerando o contexto no qual foi criado. Portanto, considerando o contexto no qual foi criado, Star Wars – A New Hope é uma grande produção e um filme muito bom.

O filme começa com um ataque do império a uma nave consular, na qual estava a princesa Leia, portadora dos planos de uma estação espacial imperial, a Death Star. Antes de ser capturada, a princesa escondeu os planos no simpático robô R2D2, com a esperança de que sua mensagem e os planos chegassem ao velho Ben Kenobi. Por força do destino, a unidade R2D2, juntamente com seu companheiro C3PO, caem nas mãos do jovem Luke Skywalker. A partir daí começa a jornada de Luke para se tornar um jedi. O resto do filme todos já sabem (e quem não sabe, que crie vergonha na cara e veja!).

The Empire Strikes Back (1980)

Neste filme o jovem Luke Skywalker já se mostra mais maduro, apresentando-se como um piloto competente que possui a confiança dos seus companheiros e espírito de liderança. Uma das cenas mais interessantes é a luta entre Dart Vader e Luke Skywalker. Nela, percebe-se a diferença de forças entre os dois (Vader ainda é mais forte) e é nela que ocorre a primeira investida de Vader sobre o jovem, tentando atraí-lo para o lado negro da força.

The Returno f the Jedi (1983)

O garoto se transforma num Jedi. Com forças suficientes para enfrentar o império, Luke Skywalker fica, mais uma vez, cara a cara com seu pai, o Lord Dart Vader. No final das contas, Anakin Skywalker, ao contrário do que o próprio Obi Wan Kenobi disse, ainda existia. O que me incomoda nesse filme é o fato de pequenos ursinhos da floresta terem contribuído tanto para a vitória dos rebeldes. Poderiam ter colocado algo mais interessante do que ursinhos primitivos armados com palitos e pedras...Ora, francamente!

...

Star Wars mostra o conflito entre o bem e o mal, lados – obviamante – antagônicos e bem definidos na trama. Star Wars tenta mostrar a vulnerabilidade do espírito humano e a sua constante luta para não sucumbir ao lado negro (vemos isso mais claramente em Anakin e Luke Skywalker). É interessante notar como as figuras maliciosas normalmente se vestem com cores escuras, possuem a aparência repugnante e possuem vozes graves e/ou roucas. O imperador possui a pele cadavérica e se veste sempre de negro; Dart Vader é uma figura completamente coberta pela cor preta e, quando tira a máscara, vemos um rosto completamente desfigurado e cadavérico, tal como o imperador. As figuras bondosas, por sua vez, costumam se vestir de branco e apresentar rostos bonitos e simpáticos. Luke Skywalker é um simpático jovem loiro dos olhos azuis; Leia é uma bela jovem que sempre se veste de cores mais fracas. Percebemos que os traços de cada facção – ou dos seus principais representantes – são bastante característicos, e isso não se restringe a Star Wars: é um padrão da indústria holywoodiana. Percebemos, portanto, o culto à beleza impregnando o filme. O feio e grotesco são ruins e devem ser desprezados - e, porque não, aniquilados. Vale lembrar a presença do tradicionalismo paternalista no filme: o único indivíduo que consegue se livrar do lado negro da força e purificar sua alma é Dart Vader, fato relacionado única e exclusivamente à influência de seu filho. Portanto, percebemos valores tradicionais como a importância da família na sociedade e na formação dos indivíduos.

Fico pensando se na vida real o bem e o mal estão realmente tão bem definidos e evidentes como no filme. Na vida real, acredito que isso é relativo. O bem e o mal não são valores coletivos, mas sim individuais. O bem para um pode ser o mal para o outro, e vice-versa. Mesmo que estes lados estejam bem definidos para a maioria, não são valores universais. Com relação a essa dualidade, comparo-a com teoria do Yin-Yang. O bem só é bem quando comparado com o mal; o mal só é mal quando comparado com o bem. Assim, um depende do outro para existir. Além disso, nada é totalmente bom ou totalmente mau: estes dois lados coexistem dentro do próprio indivíduo e dentro da coletividade. Resumindo: bem e mal são relativos, coexistem e são dependentes. E Star Wars parece não compartilhar deste pensamento, salvo figuras isoladas. Mas aí já é querer demais para um clássico holywoodiano...

Enfim, para quem está acostumado às pomposas e acrobáticas lutas dos três filmes mais recentes de Star Wars, é bem provável que haja um estranhamento com relação às lutas dos filmes mais antigos. Afinal, não possuem toda a ação e plasticidade dos filmes mais recentes. Star Wars é uma produção holywoodiana clássica: construção da figura do herói (Luke), romance, final feliz e muito dinheiro investido. Ainda assim, vale a pena assistir.

Rafael de Paula