terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Sobre Star Wars...

Num dia desses percebi que, apesar de eu me interessar pela história dos filmes Star Wars, eu nunca tinha visto os filmes antigos (A New Hope, 1977; The Empire Strikes Back, 1980; e The Return of the Jedi, 1983). Como se não bastasse, eu não entendia muito bem sobre os rebeldes e o império, as facções antagônicas da história – não que a compreensão disso represente um grande desafio para o intelecto. Enfim, eu baixei todos os filmes e fiz algo que vai contra todos os meus princípios: assisti-os dublados.

As história dos filmes antigos baseia-se na jornada de Luke Skywalker, um jovem que luta contra o império (fazendo parte das forças rebeldes) e procura ser um Jedi. Guiado pelo mestre Yoda e, principalmente, por Obi Wan Kenobi, Luke luta contra as perversas forças imperiais (representadas por Dart Vader e pelo Imperador, que tentam levar o jovem Jedi para o lado negro da força), com o objetivo de resgatar a paz e a liberdade no universo.

A New Hope (1977)

Admito que tive que me esforçar nos momentos iniciais do filme. Afinal, é um filme da década de 70, com efeitos especiais bastante inferiores aos efeitos dos filmes mais recentes. Quanto a estes últimos, um deles foi gravado no final da década de 90 e os outros nos anos 2000 (The phantom menace, 1999; Attack of the clones, 2002; e The revenge of the Sith, 2005). Contudo, percebi que os efeitos especiais eram fantásticos para a época em que foram gravados e passei a dar muito mais valor ao filme (não que efeitos especiais sejam tudo). É assim que temos que fazer quando vemos, lemos ou escutamos algo de uma época passada: devemos vê-lo considerando o contexto no qual foi criado. Portanto, considerando o contexto no qual foi criado, Star Wars – A New Hope é uma grande produção e um filme muito bom.

O filme começa com um ataque do império a uma nave consular, na qual estava a princesa Leia, portadora dos planos de uma estação espacial imperial, a Death Star. Antes de ser capturada, a princesa escondeu os planos no simpático robô R2D2, com a esperança de que sua mensagem e os planos chegassem ao velho Ben Kenobi. Por força do destino, a unidade R2D2, juntamente com seu companheiro C3PO, caem nas mãos do jovem Luke Skywalker. A partir daí começa a jornada de Luke para se tornar um jedi. O resto do filme todos já sabem (e quem não sabe, que crie vergonha na cara e veja!).

The Empire Strikes Back (1980)

Neste filme o jovem Luke Skywalker já se mostra mais maduro, apresentando-se como um piloto competente que possui a confiança dos seus companheiros e espírito de liderança. Uma das cenas mais interessantes é a luta entre Dart Vader e Luke Skywalker. Nela, percebe-se a diferença de forças entre os dois (Vader ainda é mais forte) e é nela que ocorre a primeira investida de Vader sobre o jovem, tentando atraí-lo para o lado negro da força.

The Returno f the Jedi (1983)

O garoto se transforma num Jedi. Com forças suficientes para enfrentar o império, Luke Skywalker fica, mais uma vez, cara a cara com seu pai, o Lord Dart Vader. No final das contas, Anakin Skywalker, ao contrário do que o próprio Obi Wan Kenobi disse, ainda existia. O que me incomoda nesse filme é o fato de pequenos ursinhos da floresta terem contribuído tanto para a vitória dos rebeldes. Poderiam ter colocado algo mais interessante do que ursinhos primitivos armados com palitos e pedras...Ora, francamente!

...

Star Wars mostra o conflito entre o bem e o mal, lados – obviamante – antagônicos e bem definidos na trama. Star Wars tenta mostrar a vulnerabilidade do espírito humano e a sua constante luta para não sucumbir ao lado negro (vemos isso mais claramente em Anakin e Luke Skywalker). É interessante notar como as figuras maliciosas normalmente se vestem com cores escuras, possuem a aparência repugnante e possuem vozes graves e/ou roucas. O imperador possui a pele cadavérica e se veste sempre de negro; Dart Vader é uma figura completamente coberta pela cor preta e, quando tira a máscara, vemos um rosto completamente desfigurado e cadavérico, tal como o imperador. As figuras bondosas, por sua vez, costumam se vestir de branco e apresentar rostos bonitos e simpáticos. Luke Skywalker é um simpático jovem loiro dos olhos azuis; Leia é uma bela jovem que sempre se veste de cores mais fracas. Percebemos que os traços de cada facção – ou dos seus principais representantes – são bastante característicos, e isso não se restringe a Star Wars: é um padrão da indústria holywoodiana. Percebemos, portanto, o culto à beleza impregnando o filme. O feio e grotesco são ruins e devem ser desprezados - e, porque não, aniquilados. Vale lembrar a presença do tradicionalismo paternalista no filme: o único indivíduo que consegue se livrar do lado negro da força e purificar sua alma é Dart Vader, fato relacionado única e exclusivamente à influência de seu filho. Portanto, percebemos valores tradicionais como a importância da família na sociedade e na formação dos indivíduos.

Fico pensando se na vida real o bem e o mal estão realmente tão bem definidos e evidentes como no filme. Na vida real, acredito que isso é relativo. O bem e o mal não são valores coletivos, mas sim individuais. O bem para um pode ser o mal para o outro, e vice-versa. Mesmo que estes lados estejam bem definidos para a maioria, não são valores universais. Com relação a essa dualidade, comparo-a com teoria do Yin-Yang. O bem só é bem quando comparado com o mal; o mal só é mal quando comparado com o bem. Assim, um depende do outro para existir. Além disso, nada é totalmente bom ou totalmente mau: estes dois lados coexistem dentro do próprio indivíduo e dentro da coletividade. Resumindo: bem e mal são relativos, coexistem e são dependentes. E Star Wars parece não compartilhar deste pensamento, salvo figuras isoladas. Mas aí já é querer demais para um clássico holywoodiano...

Enfim, para quem está acostumado às pomposas e acrobáticas lutas dos três filmes mais recentes de Star Wars, é bem provável que haja um estranhamento com relação às lutas dos filmes mais antigos. Afinal, não possuem toda a ação e plasticidade dos filmes mais recentes. Star Wars é uma produção holywoodiana clássica: construção da figura do herói (Luke), romance, final feliz e muito dinheiro investido. Ainda assim, vale a pena assistir.

Rafael de Paula

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