quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A ausência que dá presente

Todos os seres humanos carregam dentro de si uma vontade inconsciente de possuir algo. Essa ambição implícita caminha lado a lado com o desejo de poder, desejo este que norteia a maioria (senão todas) atitudes dos seres humanos.

Porém todos nós nunca estaremos completamente satisfeitos com o que possuímos, devido ao fato de que este “aspirador de desejos” está sempre ligado dentro de nós, sempre com a mesma intensidade, independentemente do que já possuímos. Também vale ressaltar o fato de que o desejo de status está sempre se modificando de acordo com o que as potências da sociedade capitalista padronizam para nós, mas esse já é um fator mais abrangente no qual não devemos nos aprofundar muito.

A conseqüência disso tudo é que, pelo fato de sempre sentirmos ausência de algo, acabamos projetando isso em diversas outras coisas (ou até mesmo pessoas) e, como diriam os antigos, colocando chifres em cabeça de cavalo. Esta projeção de valores, a não ser que seja devidamente regulada, sempre terá resultados negativos, mesmo que não sejam notadas instantaneamente.

Portanto, é preciso que despertemos dentro de nós esta consciência de um vazio que sempre estará presente dentro de nós até o final de nossas vidas. Este é um processo que sempre se renova e sempre estará lá nos incomodando.

Sempre que tentarmos fugir desta sentença destinada a nós pelo sistema em que vivemos, forças de mesmo valor e intensidade tentarão nos empurrar de volta para dentro desta estufa. Esta força opressora, uma espécie de karma social misturado com leis de Newton, só não se faz presente em algumas culturas orientais.

Fica então a dica de sempre olharmos para dentro de nós e tentar direcionar nossas atitudes para coisas concretas e, a partir de então, pararmos de dar tiros no escuro.


Allisson Ruas

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